sábado, janeiro 03, 2009
Coisas estranhas que existem... realmente!
Enquanto frequentava o curso de Biologia na FCUL, no primeiro semestre do primeiro ano do curso, tive uma cadeira que se chamava "Biologia Animal I" e que, na prática, consistia em descrever todos os filos do Reino Animal da parte que são normalmente como pertencendo classicamente aos invertebrados. Então fiquei a conhecer algumas criaturas das mais estranhas que se possam imaginar... que mais pareciam como habitando um outro planeta qualquer... que não o nosso! Estas criaturas mais pareciam como que saídas de um argumento da série que estava em berra na altura (estávamos em 1995) - Ficheiros Secretos (original X-Files) - mas o que mais estranhava é que não eram ficção - existiam mesmo! Estranho nenhuma série da vida selvagem da BBC ou National Geographic ter falado alguma vez nelas.
Dei um exemplo duma dessas estranhas criaturas num post anterior - a lesma-do-mar meio planta meio animal - que, se conseguisse transmitir os cloroplastos adquiridos nas suas células germinais seria capaz de dar um passo evolutivo de tal forma notável que constituria todo um novo reino de seres vivos - os híbridos "animal+planta", que no futuro, iria eventualmente - quem sabe?! - extinguir os indivíduos dos outros reinos preponderantes no nosso planeta - Animal e Vegetal.
Pretendia então começar pelo primeiro dessas seres - o Trichoplax adhaerens - que, quando foi descoberto, teve que ser criado todo um novo filo - de nome Placozoa - só para o poder encaixar na extensa árvore do Reino Animal. Este ser, basicamente, na forma, faz lembrar algo que se parece com uma fatia de fiambre. Ora, agora imaginem que esta fatia de fiambre era capaz de se mexer sozinha, arrastando-se sobre uma superfície, mais ou menos como um caracol, e, para poder comer - colocava-se por cima das presas, vamos imaginar, uma inofensiva mosca, e depois segragava um líquido, semelhante a saliva para poder "desfazer" as presas, de forma a poder digeri-las mais tarde sem problemas (ao estilo de uma pessoa que não tem dentes, a quem se desfaz a comida em pedacinhos, só para as poder engolir sem mastigar!). Esta necessidade de digerir a comida externamente, tem a ver com o facto, de ao contrário de uma pessoa, que tem boca, o nossa amigo Trichoplax não ter nada que se pareça com isso, sendo que cada célula da camada que tá em contacto com as partículas resultantes da digestão da presa absorve independentemente a sua parte da comida.
Para se poder reproduzir, o nosso amigo Trichoplax não precisa de ir a um bar engatar Trichoplax fêmeas, basta-lhe que algumas das suas células se separem do corpo maior, o que não é mais que um Trichoplax bébé! Algo como, se visse, para seu horror, uma fatia de fiambre a mexer-se sozinha no chão da cozinha, e a quisesse matar passando-lhe com o pé em cima - esmigalhava a fatia de fiambre em pequeninas partes, sendo que cada uma iria fugir para seu lado, esconder-se para se proteger da sua crueldade!
A analogia com a fatia de fiambre tem os seus limites - evidentemente, na natureza, não há notícias de existirem Trichoplax com dimensões superiores a um milímetro! Por isso, não se assustem, se já estavam a ir à drogaria mais próxima comprar veneno só para fazer face a esta estranha criatura, podem ficar descansados, se bem que o Trichoplax exista mesmo, ele só vive no fundo do mar, ou o máximo que pode acontecer, acabar vivendo dentro de um aquário vosso!
Ficaram interessados em saber mais ? Aqui fica o link para este bicho na Wikipedia (o lugar aonde todos os curiosos vão parar, uma vez por dia pelo menos!): http://en.wikipedia.org/wiki/Trichoplax !
Deixo ainda o link para a história de um biólogo, no primeiro dia em que se confrontou com uma destas estranhas criaturas.
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