sábado, setembro 16, 2006

A realidade tem destas coisas !!!



... é o que apetece quando outro dia me estive a deparar não sei onde, mas sei que foi através do site de Blogs de Ciência, um inventário de tudo quanto é de blogs por cá que dão novidades e debates científicos. Trata-se de uma situação caricata em que um meteorito acertou em cheio num capot de um carro, provocando no entanto estragos mínimos. Há uns anos lembro-me de ver no filme Evolution uma cena em tudo semelhante. Agora a realidade mais uma vez decidiu confirmar e ir mais longe até que a ficção...

quinta-feira, setembro 07, 2006

O que fazer com... o agora anão Plutão ?

Ainda não tive a oportunidade pessoal de comentar pessoalmente aquele que vai ser considerado o grande feito científico do ano(1) : a despromoção do planeta considerado durante 76 anos como a última fronteira do sistema solar, para além do qual se chama todo o espaço como interestelar (ou espaço exterior, se assim preferirem).
Pois é, a partir deste momento Plutão deixou de ser considerado um planeta capaz de figurar naquele que é o considerado o lote dos 'Grandes Oito' (2) Mas perguntemo-nos a nós próprios: como foi possível manter este equívoco durante 76 anos. Isto fez-me lembrar o famoso caso do Homem de Piltdown, que durante mais anos (não faço ideia quantos!) foi considerado o ancestral do tronco do género Homo em vez do actual Australopitecus. Teria sido resultado do poderio estado-unidense, uma vez que o planeta foi descoberto por um cidadão estado-unidense, Clyde Tombaugh ?

Certo, certo é que neste momento Plutão foi 'reclassificado' como mais um objecto "tipo asteróide"(3).
Mas, no fundo, penso que esta era sem dúvida a decisão mais correcta, tendo em conta os seguintes factos:
  • a órbita irregular de Plutão, bem conhecida desde a sua descoberta é extremamente irregular, tendo o seu plano orbital inclinado em relação à eclíptica, que é o plano comum donde as órbitas individuais de cada planeta
  • a descoberta de que Plutão possui uma lua, que, em rigor não é uma lua, Caronte, pois tem mais de 50% das dimensões daquele que devia ser o astro principal. A isto se juntou a descoberta mais recente efectuada pelo Hubble de mais corpos orbitais "em volta" de Plutão. De modo que, na realidade de não se fala de apenas um planeta chamada Plutão, mas sim de um sistema de corpos celestes que orbitam em volta de um centro de gravidade de comum, sistema esse sim que, por sua vez, orbita isso sim à volta do Sol.
  • a descoberta recente de um corpo com características muito semelhantes às de Plutão, mas de dimensões superiores a este último e situado a uma distância idêntica. Trata-se de 2003 UB313, alcunhado por Xena pelos seus descobridores, nome no entanto não aceite pela UAI .
Tendo em conta todos estes pontos, era indubitavelmente necessário que se criasse uma nova categoria destinada a receber estes novos astros, que contêm características muito especiais.
Aliás, diga-se em abono da verdade a respeito dos planetas tradicionais, existe uma subdivisão entre os planetas rochosos ou telúricos, que possuem uma superfície sólida, que são Mercúrio, Vénus, Terra e Marte, dos chamados planetas gasosos ou jupiterianos, que não possuem uma superfície sólida, todos de enormes dimensões, fazendo várias dezenas ou centenas de vezes o tamanho da Terra e que são Júpiter, Saturno, Úrano e Neptuno. Se será necessário ainda redefinir o conceito de planeta para ter em conta este aspecto, não faço ideia, penso que seja melhor não voltar a mexer nas coisas.

O que é engraçado é que Ceres, o maior asteróide do Sistema Solar, saltou de categoria e foi promovido para a mesma categoria de planeta.
Estou a ver que esta pretensa 'despromoção' ainda vai fazer correr muita tinta, pois familiares e admiradores de Tombaugh, o descobridor do planeta, e entre outros astrónomos mais fanáticos, exigiram a reclassificação de Plutão no lugar que ocupou durante 76 anos.
E provavelmente a nova sonda New Horizons,lançada este ano para substituir a Pluto Express, e destinada especialmente a alcançar Plutão e o seu sistema, em 2015, irá relançar o debate por volta dessa data.

(1) Em rigor, penso que o maior feito cientifico do ano tem de ser considerado o feito da proeza de retirar células estaminais de um embrião humano sem as danificar.
(2) Vejam lá que a Terra também não é tão grande como os quatro gigante gasosos: Júpiter, Saturno, Úrano e Neptuno.
(3) do qual Ceres é o 1º da lista